13 de out. de 2009

Do amanhã e seu depois

Guardo-te,
Em segredo,
De mim
dos meus desejos


Guardo-te,
E espero
A ocasião certa
o dia perfeito


Guardo-te
E rezo
Para que dê tempo
E que os anos se apressem


Guardo-te
E aguardo-me
Inteira e pronta
Eterna e breve
-Fabiane Ponte-

10 de jul. de 2009

Frustrada




Sonhos de outrora: abortos


Fantasmas.


Sentença: culpada.



-Fabiane Ponte-

24 de jun. de 2009

Infinito decomposto


Uma estrela no céu é só uma estrela

Uma estrela em uma constelação no céu é só uma estrela


Deserto é areia

Um grão de areia do deserto é só um grão de areia.


Carne e pele são só desejos

Um corpo é carne e pele


Sede e Frio são só clamores

Alma é clamor


Vazio e Plenitude são só saudades

Espírito é saudade


Corpo, Alma e Espírito são só Alguém.

Desejos, Clamores e Saudades são só Alguém

Carne e pele, sede e frio, vazio e plenitude são só alguém.


Deserto não é só areia.

Céu não é só estrela


Um corpo não é só desejo.

Alma não é só clamores.

Espírito não é só saudade


E Alguém estranho é só ninguém.


-Fabiane Ponte-

6 de jun. de 2009

Confissões: I - Do medo

Morrer, e não ter vivido tudo o quanto preciso. Não viver plenamente o que o meu coração anseia desesperadamente. Passar pela existência e não existir. É não saber. Não saber quem sou e nunca o descobrir. É a solidão imensa, buraco escuro e frio. É saber. Saber não ter nascido pra a mediocridade e estar imersa nela. É ser sozinha em meio aos que amam aquela que veem, e não àquela que não ouvem. É ser uma mulher de sombras e não de sol. É estar do lado negro da lua. É habitar cavernas. É ser lagarta que vira borboleta com asas atrofiadas. É querer. É querer desbravar os mundos que estão além da linha do horizonte. É estar sempre adiante, vivendo atemporalmente no amanhã e no por vir. É não ser daqui. É não estar aqui. É ter que usar máscaras de sorrisos pra esconder lágrimas e cicatrizes.
-Fabiane Ponte-

14 de mai. de 2009

Minhas mãos

Minhas mãos são a voz do meu coração mudo.

Em linguagem própria,
gesticulam as palavras reprimidas
e os sentimentos desordenados.

Apertam-se mutuamente quando o peito sufoca,
suam o mesmo frio do estômago,
cerram-se os punhos como cerram-se os dentes.
Rendo-me: estou em minhas mãos.

Levam em suas palmas as marcas
desde sempre gravadas na alma.

As unhas são roídas, assim como os sonhos,
mas ainda assim os procura, tateando no escuro.

Seguem marcadas com o meu destino,
que eu, qual cigana sigo aprendendo a ler.

-Fabiane Ponte-

1 de abr. de 2009

Da linha do tempo

O passado é um bordado desfeito.
O futuro é linha inutilizada pelos nós.
O presente é bordadeira chorando o bordado e cortando a linha.
-Fabiane Ponte-

28 de mar. de 2009

13 de jan. de 2009

Invisível



Para que me vejas

Realço cabelos e unhas em vermelho

Orno-me com brincos de cigana

Visto-me de cores exuberantes

E comporto-me como aqueles que sabem, foram e viram


Ainda assim, tu não me vês

Nunca fui assunto teu

Talvez um mau assunto de outros, talvez...


A dor de ser invisível

Faz desde sempre companhia à dor de ser sozinha.


Por vezes não basta ser absoluta, brilhando no céu, ainda que cheia


Pois sempre chega o dia em que a Lua é Nova, e só lhe resta sonhar com Eclipses.


-Fabiane Ponte-