14 de mai. de 2009

Minhas mãos

Minhas mãos são a voz do meu coração mudo.

Em linguagem própria,
gesticulam as palavras reprimidas
e os sentimentos desordenados.

Apertam-se mutuamente quando o peito sufoca,
suam o mesmo frio do estômago,
cerram-se os punhos como cerram-se os dentes.
Rendo-me: estou em minhas mãos.

Levam em suas palmas as marcas
desde sempre gravadas na alma.

As unhas são roídas, assim como os sonhos,
mas ainda assim os procura, tateando no escuro.

Seguem marcadas com o meu destino,
que eu, qual cigana sigo aprendendo a ler.

-Fabiane Ponte-