30 de nov. de 2010

Outrora

Cresço
E a dor do crescimento
Expande-se além dos ossos
Floresço
Coragem e Medo
Lucidez e Espanto
No peito
um coração bate calmo
descompassado pela mundança de ritmo
-de outrora
Na alma
uma senhora
espantada
por não saber mais da donzela
-de outrora
Na íris
serenidade inquieta
órfã do anseio
-de outrora
Do alto do meu trono de rainha
ergo os olhos vislumbrando a torre
prisão da princesa
-de outrora
Cresço
Liberta e alada
Hei de alcançar-me por inteiro
-Fabiane Ponte-

16 de jun. de 2010

No Labirinto




Pela lucidez
Fui condenada a fugir
eternamente
do monstro do labirinto.


Meus sentidos
aguçados pelo tempo
pressentem a sua feroz proximidade.

Sem norte
Agarro-me ao fio da loucura
que conduz-me ao centro
da minha prisão: jardim outonal.
Lá os urros do monstro soam distantes.

É breve.

O monstro espreita-me.

Devora-me.

Cumpro a pena. E o meu destino.

_Fabiane Ponte_