20 de jul. de 2008

Incompleta

Nunca andei por caminhos retos,
em rotas já descobertas
ou em linhas tracejadas.

Foi sempre o susto
De esperar campinas
e ver-se à beira de abismos,
de buscar o mar
e encontrar desertos.

Faltam-me bússola e astrolábio

Nunca realizei o sonho de ninguém,
nem dei as respostas certas
ou sentei-me no lugar marcado.

Foi sempre o susto
de colher amor
onde plantara lágrimas,
de sangrar-me em prantos
e ouvir Amém.

Faltam-me asas e garras

-Fabiane Ponte-

8 de jul. de 2008

Do deserto



As palavras me abandonaram.

Palavras têm vontade própria, e são sempre pescadas no ar, quando se está em vôo.

No momento, estou fixa, com os pés fincados na terra.

Aliás, terra não, areia.

Areia do imenso deserto no qual me encontro.

Atravessar desertos é uma árdua tarefa, ando até vendo miragens, estou tomada por uma sede imensa, e caminho com o objetivo de saciá-la.

Creio que, ao encontrar um oásis, conseguirei novamente alçar vôos e pescar palavras no ar.

Por ora, sigo caminhando...


-Fabiane Ponte-