27 de nov. de 2007

Ártemis


Independo!
Não necessito que me tragas nada
Apenas venha
Pois eu não vou!

Habito a floresta escura
Meus companheiros são lobos selvagens
Não me apetece tua cama macia
Deita-te comigo na relva molhada.
E não me tragas nada

Com meu arco e flecha
Eu mesma miro o alvo dos meus sonhos
Sou a deusa da lua crescente
Guerreira, valente e intrépida

Não necessito de teus cuidados
nem dos teus mimos
Quero ao meu lado um valente guerreiro
E que saiba vir na lua certa
E na lua certa saiba ir...


Não sou bicho doméstico
Não percas tempo ao tentar me domar
Sou selvagem
Da mata
Ando descalça
Meus pés tocam o solo sagrado
E da Mãe Terra sou nutrida de tudo que necessito

Não me tragas nada.
Apenas venha,
Pois eu não vou!

-Fabiane Ponte-

21 de nov. de 2007

Afrodite

Sou amante e amada
De muitos e únicos amores,
Profundos e eternos
No tempo em que duram.

Sou deusa da Lua Cheia
Plena e Madura
Dos homens mãe e amante.

Alquímica
Pois me faço Donzela e Devassa
Para o meu amado.
Meus amores são carnais e etéreos.

Não procuro, deixo-me ser encontrada.

Marginalizada
Queimada em cada bruxa
Apedrejada em cada pecadora
Apontada em cada mulher que se permite
Invejada em cada bela que assume sua fera.

Se ficas comigo, meu bem
Não é por conquista ou posse
O que te prende a mim
É a Liberdade
De ser e apenas estar.


-Fabiane Ponte-
"Não fuja do seu mito... ele te alcança, pois está no teu coração.Somos como avatares, personificando arquétipos no teatro da nossa existência"

16 de nov. de 2007

Duas velas

No meu altar
há sempre duas velas acesas
uma para Santa Maria
outra para Santa Madalena

As duas sempre estão a iluminar meu caminho


Há sempre uma oferenda de lírios brancos e de rosas vermelhas


Maria desperta-me a pureza de coração
Revela-me bondosa e compassiva
Madalena desperta-me a coragem de amar
Revela-me a violência das minhas paixões



No meu altar
há sempre dois sacrifícios oferecidos
Um pra Deusa Demeter
Outro pra Deusa Afrodite



As duas sempre estão a aflorar os meus instintos


Há sempre uma oferenda de ramos de trigo e de conchas do mar


Deméter desperta-me a Mãe eterna
Revela-me protetora e nutridora
Afrodite desperta-me a amante enlouquecida
Revela-me a sensualidade e a força da minha paixão vermelha...



Sou sempre eu mesma ainda que outra.


Um só coração bate nesse corpo de alma dividida


Porque sou plural
Ando sempre aos pares
Nunca estou só
Eu sou nós.

-Fabiane Ponte-

6 de nov. de 2007

LUNAR

Te procuro em minha Lua Crescente
Donzela em busca do Jardineiro
Prepare a terra virgem do meu coração
Arranque todas as ervas daninhas da inocência
Plante na minha alma as sementes da mulher que serei
Cuide-me. Vicejarei

Te procuro em minha Lua Cheia
Mãe e Amante em busca do Rei Guerreiro
Serei tua rainha e súdita
Esplêndida e entronizada
Destemida nas batalhas
Fértil, lhe gero filhos.

Te procuro em minha Lua Minguante
Sábia anciã em busca do Mago
E nessa alquimia
que funde minha alma e a tua
num só elemento
revelo o Mistério.

Te encontro em minha Lua Nova
E mudo as marés.
-Fabiane Ponte-