30 de out. de 2007

Sabores

Depois que me provares
Descobrirás que não sou doce.
Meu sabor exótico e agridoce
Ficará impregnado em tua memória
A simples visão da minha figura
Te abrirá o apetite
A lembrança do meu cheiro
Te fará salivar.

Me perseguir prá saciar a tua gula
Será a tua doce sina.
-Fabiane Ponte-

22 de out. de 2007

Racional


Amada Dama de Copas
Exulberante e Fulgorosa
Rubedo intenso
És a mais verdadeira em mim.
Resignadamente
Destrono-te
E cedo meu reino
À pálida e gélida Dama de Paus
Para que meus objetivos não sejam abandonados
Pois no teu reino,
só a paixão pode levar ao céu
Para que os olhares não sejam desviados
Pois descobri na própria carne
que a paixão condena ao inferno.
-Fabiane Ponte-

15 de out. de 2007

Maremoto

És marinheiro em busca de porto seguro
Prescrutas o horizonte
À procura de terra firme
Desististe de tentar navegar em meu mar revolto
E manejas teu leme em busca de porto tranquilo

Almejas agora
Paz e alento
Calmaria e repouso

Se queres te salvar
segue agora as gaivotas
e pousa na praia
pois a bonança custa a chegar

Meu mar é bravio
Ar e água
vento e sal

Se te rendes
E te afogas em minhas profundezas
Encontrarás
no fundo de mim
no fundo do mar
Todo o silêncio
E a paz mórbida que procuras

Conchas que se abrem em pérolas

Juro
que te guardo
junto aos meus tesouros esquecidos


-Fabiane Ponte-

9 de out. de 2007

Tristesse

Novamente sinto-me perdida
Sem rumo
Sem norte
Jogada à sorte

As minhas retas intenções
Duram somente um breve instante
A minha fortaleza é frágil, desprotegida
Foi novamente invadida.

Meus firmes propósitos
Agora me aborrecem
O ideal de ser fixa
É agora utopia de voar.

Prá onde? Prá um passado
Que guardei lá no futuro
Ficou prá depois
E, embora não queira admitir
Apodreceu
Como fruta esquecida
Sem ser saboreada
Caída do pé de passada.

-Fabiane Ponte-

3 de out. de 2007

Fogo Fátuo

Minha súbita paixão
foi fogo fátuo
provocado pelo meu coração defunto.

Não precisou de faísca
prá se acender.

Te assombrou, eu vi
você até tentou fugir
mas ele te alcançou.

Te queimou um pouco...mas, lembra?
Era assombração
e como tal, se dissipou no ar.

Segue você, com sua queimadura.
Sigo eu, de volta prá sepultura.
-Fabiane Ponte-